O Paraná é a favor que a ferrovia Norte-Sul passe no Noroeste, Oeste e
Sudoeste do Estado, que são as principais regiões agrícolas paranaenses.
A posição foi defendida nesta terça-feira (18/09), em Brasília, pelo
secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, durante
audiência pública na Câmara Federal.
O debate, promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, teve como
objetivo discutir o impacto econômico dos projetos ferroviários
incluídos no plano de concessões do Governo Federal e a implantação da
Norte-Sul nos estados da região Sul.
A proposta defendida pelo governo estadual é que a Norte-Sul entre no
Paraná pelo Noroeste, na direção de Maringá e Campo Mourão. Dali a
estrada de ferro deveria seguir para Cascavel e descer em direção ao
Sudoeste, entre Pato Branco e Francisco Beltrão, até entrar em Santa
Catarina e chegar ao Rio Grande do Sul.
A audiência contou com a presença de autoridades do Paraná, Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul e com representantes dos ministérios dos
Transportes e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Um dos
diretores da Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, estatal
responsável pela construção de ferrovias no País, participou da reunião.
O secretário José Richa Filho destacou ainda a necessidade de uma nova
linha férrea ligando o Oeste paranaense ao Litoral. “Com o investimento
ferroviário vamos melhorar a competitividade estadual e facilitar a
integração modal”, disse ele. O Porto de Paranaguáo, acrescentou, recebe
em média 5.400 caminhões/dia, e com uma ferrovia cortando o Estado o
produtor terá mais uma opção de transporte.
Richa Filho apresentou as vantagens da construção da nova linha, que
sairia de Maracaju (MS), entrando no Paraná por Guaíra, passando por
Cascavel e Guarapuava até chegar ao Porto de Paranaguá. “Em relação à
proposta do governo federal há uma diferença de 130 quilômetros para
menos. Isso representa frete menor e redução da sobrecarga de caminhões
na BR-277. Além disso, esta opção gera muito menos impacto ambiental”.
FERROESTE – A proposta de traçado da Norte-Sul apresentada pelo Governo
Federal, afirmou Richa Filho, preocupa por não facilitar o acesso aos
terminais portuários paranaenses, aumentando o transit time. “O traçado
deve levar em consideração a malha ferroviária estadual e fazer a
conexão com a Ferroeste”.
Em seu pronunciamento, o secretário disse ainda que a posição do Estado
tem o apoio da sociedade civil organizada, a participação das federações
estaduais de Indústria e Agricultura, da Organização das Cooperativas
do Paraná (Ocepar), do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), do
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), entre outras instituições.
Richa Filho lembrou ainda que o melhor traçado para atender o Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul está sendo
discutido há mais de um ano no âmbito do Conselho de Desenvolvimento e
Integração Sul (Codesul). Por isso, a alternativa apresentada no PAC das
Concessões gerou surpresa na região.
Falando por Santa Catarina, o secretário de Infraestrutura, Valdir
Cobalchini, disse que os três estados do Sul devem se unir em torno de
um traçado que favoreça a indústria e a ligação dos centros produtivos
com seus terminais marítimos. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul, disse ele, devem participar da discussão do traçado.
O secretário extraordinário da representação do governo do Rio Grande do
Sul, em Brasília, Ideraldo Caron, afirmou que a Norte-Sul deve entrar
no Programa de Concessões do Governo Federal para que se ganhe tempo,
acrescentando que a nova ferrovia deve passar pelas regiões Norte e
Centro do seu estado, entrando em território gaúcho pelo Oeste de Santa
Catarina.
EVTEA - De acordo com o diretor de planejamento da Valec, Josias Sampaio
Cavalcante Junior, a empresa já está contratando os Estudos de
Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para os projetos na
região, cuja licitação foi dividida em dois lotes. O primeiro contempla
Panorama (SP)-Chapecó (SC) e o segundo de Chapecó (SC)-Porto de Rio
Grande (RS). O outro EVTEA contempla o traçado Maracaju (MS)-Cascavel
(PR).
A Valec também anunciou o lançamento, até o final do ano, dos editais
para a contratação do EVTEA para os traçados entre Cascavel e Paranaguá e
de Chapecó a Itajaí. O diretor disse que o traçado original não está
fechado, mas dependerá de variáveis como a captação de carga, interesse
regional, topografia e malha existente, as quais serão apontadas pelo
estudo.
LEGISLATIVO – O deputado federal paranaense Rubens Bueno, que participou
da audiência pública, disse que “o projeto da Norte-Sul apresentado
pelo Governo Federal é uma espinha dorsal com bico de papagaio”. Segundo
ele, a crítica se justifica na medida em que o planejamento oficial
tira o Paraná do processo logístico e econômico do País. Bueno disse
ainda que a Valec deve tratar o assunto como de interesse nacional para
diminuir o Custo Brasil.
O deputado federal Eduardo Sciarra questionou o traçado inicialmente
apresentado e defendeu a discussão mais ampla do assunto para que as
regiões produtivas não sejam prejudicadas pela construção de linhas
férreas distantes dos pontos estratégicos de embarque de mercadorias.
O deputado federal Reinhold Stephanes disse que a construção das novas
ferrovias no Paraná deve se integrar ao PAC das Concessões, com a visão
de atender todos os segmentos da economia regional, estadual e nacional.
Bem Paraná
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